No passado mês de Novembro, a José Maria da Fonseca
proporcionou mais um evento vínico, ou melhor, enogastronómico para bloguistas
para dar a conhecer as novas colheitas.
Como sempre, fomos bem recebidos por Domingos Soares
Franco (DSF), responsável pela enologia, e Sofia Soares Franco, responsável
pelo enoturismo.
DSF começou um pequeno intróito sobre o ano
agrícola e vindima de 2013. Em resumo, Inverno e Primavera algo rigorosos
(chuva e temperaturas baixas) e Verão quente. Quanto aos vinhos, bom ano para
brancos e ano assim-assim para tintos.
A prova começou com os brancos da vindima de 2013:
Verdelho, Verdejo, Sauvignon Blanc, Viosinho e Alvarinho. Não vale a pena tecer
grandes comentários pois os vinhos provados nesta fase assim o impõem. No
entanto, posso referir que o que mais me impressionou foi o Viosinho. Teremos
vinho superior, na certa. O que menos me impressionou foi o Alvarinho, para já
pouco expressivo. O tempo ditará as leis. Entretanto, as novas colheitas de brancos da JMF já andam no mercado. Eu é que tenho tido pouco tempo para escrever e esta prosa já deveria ter visto a luz do dia há muito tempo...
Seguiu-se o DSF
Espumante Rosé Moscatel Roxo 2012 a acompanhar acepipes e aperitivos.
Salmonado, bolha fina, aroma perfumado e exótico, revelou leveza e simpatia na
boca, com doçura evidente para fazer as delícias do público feminino.
Nitidamente para pré-refeição, a beber em pé entre as palavras que se dizem
durante uma amena conversa. Foi isso mesmo que aconteceu.
Antes de nos sentarmos à mesa, tempo para provar o 152 Castas Tinto Vindima 2012, oriundo
da colecção ampelográfica e para o qual tive oportunidade de contribuir no actoda vindima. Muito difícil de descrever já que é um vinho diferente daquilo que
se costuma beber. Fez-me lembrar figos, ameixas, chocolate, pau seco, bem
embrulhados numa estrutura generosa e taninos espigadotes a pedir mesa.
Por falar em mesa, daí a sentarmo-nos foi um pulo.
Já sentados, iniciou-se o almoço com um creme de
cenoura. A acompanhar, o Pasmados Branco
2009. Apresentou-se dourado, cristalino, com aroma incisivo, boa evolução,
com notas de marmelo, amendoados na boca, óptima acidez e saboroso. Óptima fuga
para quebrar a monotonia dos brancos que se costumam (a maior parte deles)
beber jovens. Provavelmente, um óptimo parceiro para Azeitão, o Queijo.
Para o bacalhau começou-se pelo José de Sousa Mayor 2011. Feito com
Grand Noir (58%), Trincadeira (22%) e Aragonês (20%). Apresentou-se com cor
carregada, nariz complexo, especiado e fruta madura. Encorpado na boca,
volumoso, elegante, óptimo equilíbrio e comprimento com notas finais de tabaco
e cacau.
Em seguida, foi servido o J 2011. Feito com Grand Noir (60%), Touriga Franca (28%) e Touriga
Nacional (12%). Muito escuro, com nariz muito complexo. Ainda jovem na prova de
boca, grande estrutura e volume, precisa de tempo para ser apreciado em todas
as suas virtudes.
Para finalizar o bacalhau, veio o Periquita Superyor 2009. Feito quase
exclusivamente com Castelão (94%) com umas pitadas de Cabernet Sauvignon (4%) e
Tinta Francisca (2%). Muito fruto preto, especiarias, grafite, notas de
barrica. Na boca senti-o encorpado, redondo mas com nervo, sabor muito especiado,
longo e fresco. Ganha com tempo no copo.
Para acompanhar a sobremesa, sobre a mesa foi
colocado o DSF Moscatel de Setúbal 1999.
Aromas típicos de casca de laranja cristalizada, penetrante. Boca volumosa,
equilíbrio óptimo entre a acidez e a doçura, notas de fruto seco, saboroso,
longo.
De seguida veio a bomba do dia! Moscatel 1975 (Amostra de Casco), o seu
nome. Ambarino, aroma penetrante e envolvente, complexo, iodado, vinagrinho.
Muito fresco, explode na boca, glicerado, estruturado e final hercúleo. Mais
palavras para quê?
Para final de refeição ainda apareceu a Aguardente Excelsior (Vínica). As
aguardentes não são a minha praia mas lá descortinei uns laivos esverdeados na
cor, frutos secos e fumo no nariz, entrada suave na boca, aveludado, explode de
seguida com o álcool a ditar as regras. Perdura, perdura, e dura, e dura….
A visita é que já não durou mais... Despedidas feitas, resta-me agradecer a amabilidade do convite para estar presente neste evento, a simpatia com que nos receberam e os mimos com que fomos brindados.
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