Aperitivo
O dia 20 de Setembro de
2014 começou a ameaçar chuva para os lados de Lisboa. O programa do dia estava
reservado para a Festa das Vindimas da Quinta do Gradil. O convite tinha
surgido no mês de Agosto. Aceitei. Alguns dias antes do evento contactaram-me a
perguntar quantas pessoas iria levar comigo. “Quantas pessoas?”, perguntei a
mim mesmo. Pensei que o convite era individual!... Pelos vistos podia ir
acompanhado. Ainda tentei convencer alguém a acompanhar-me mas já estava em
cima da hora. Indumentária colocada, arranquei, sozinho, em direcção à quinta
para um dia diferente.
Entrada
Quando cheguei à quinta, percebi
que deveria ter ido acompanhado. O movimento de carros era tanto que quase
parecia estar numa cidade em hora de ponta. Famílias inteiras saiam dos veículos.
Adultos, novos e menos novos, e crianças, algumas de colo, iam enchendo,
bem-dispostos, o espaço da quinta. Dirigi-me à recepção. Sim, escrevi recepção.
A organização era tão profissional que incluía uma recepção. Parecia que estava
num congresso. “Registei-me” e, em troca, recebo um chapéu e uma t-shirt azul.
Vesti a t-shirt e lá entrei na onda azul.
Momentos depois, as “boas vindas” seriam dadas pelos anfitriões. Luís Vieira
deu a cara e foram ditas palavras dignas da arte de bem receber, que parecem
ser apanágio das gentes responsáveis pela quinta. No final da prelecção,
indicou o caminho para o “mata-bicho” que antecederia a vindima.
Primeiro Prato
Estômago aconchegado, estava
a aproximar-se a hora do trabalho árduo.
O final da manhã havia ficado soalheiro. As nuvens, por vezes ameaçadoras,
faziam-se aparecer mais ao longe. A temperatura estava bastante agradável.
Fazia até algum calor que a roupa fresca e o chapéu procuravam domar. O
ambiente humano era muito agradável. Um grupo de “dixie” dava música para os
ouvidos… Em fila, a onda azul
deslocava-se para recolher as tesouras que haveriam de cortar os cachos. A mim calhou-me
uma tesoura que me pareceu nova, delicadeza dos anfitriões, quiçá pensando que o
blogger que escreve estas linhas
seria um grande profissional do corte e que mereceria tamanho mimo. Entrei pela
vinha dentro, devidamente acompanhado pelo resto do grupo e sob a supervisão
dos verdadeiros profissionais do corte. Objectivo? Verdelho. Haviam-nos dito
que o tempo irregular das últimas semanas já tinha feito mossa nas uvas. De
facto, a podridão era bem visível, mais numas cepas que noutras, o que
implicava cuidados redobrados na selecção dos cachos a vindimar. O corte foi
feito ao ritmo da banda “dixie” que nos acompanhou no talhão vindimado. Os
baldes passavam por mim, ora vazios, ora cheios com uns minutos de intervalo e
o tractor que recebia as uvas ia ficando cada vez mais pesado. Vindima feita, o
resto do trabalho foi feito pela maquinaria da adega. O mosto, de certeza, dará
bom vinho… Espero vir a escrever sobre ele.
Segundo Prato
Entretanto, as hostes
reuniram para mais um aconchego do estômago e da alma. Vinhos brancos e rosés
(frescos, bem feitos e muito agradáveis) acompanharam uma panóplia de acepipes
e enchidos que facilmente dispensariam o almoço. Chegada a hora do dito, fomos
encaminhados para o interior da adega onde nos esperava um repasto digno de um
casamento. Sólidos e líquidos harmonizaram-se na perfeição, bem acompanhados
pela boa-disposição dos convivas. O anfitrião tinha pedido à entrada para o
almoço: “comam e bebam, mas principalmente bebam”… Uns talvez tenham seguido o
solicitado, outros talvez tenham sido mais comedidos. O que é certo, é que não
havia dúvida que estávamos numa quinta onde se respira vinho tal a quantidade
de garrafas que se passeavam pela mesa… Brancos, rosés e tintos, cada um
“aviou-se” como quis…
Sobremesa
O estômago já dava mostras
de querer sair do corpo e o cinto das calças já pedia para ser ajustado às
novas dimensões do abdómen quando fomos convidados para as…sobremesas e o café
que nos esperavam no espaço exterior! Cá fora, deparei com várias mesas com uma
quantidade de frutas e doces dignos de uma boda. Ainda cheguei a procurar os
noivos… Não consegui resistir ao chamamento das mesas. Fui pensando, contudo,
que nos dias seguintes tinha de “queimar” uma quantidade bem valente de
calorias… Precisava de andar. Tinha uma digestão para fazer. Dei um passeio
pela vinha e regressei para assistir a uma animada e bem-humorada sessão de
entrega de prémios no âmbito do passatempo que decorreu e que consistiu em
adivinhar a quantidade de uvas que se tinham vindimado. Prémios entregues,
ainda haveria mais um momento para…comer! Um bolo de chocolate, de tamanho
generoso, apareceu para assinalar o evento, bem acompanhado por um espumante…
No fim, ainda fomos presenteados com uma garrafa de vinho “Quinta do Gradil
Tannat 2013”, resultado das uvas apanhadas aquando da Festa das Vindimas do ano
anterior.
Digestivo
Em suma, foi um dia muito bem passado, num ambiente familiar, na presença
de pessoas simpáticas e bem-dispostas. Depois de todas as emoções sentidas durante o
dia, um agradecimento à família “Quinta do Gradil” pelo convite, simpatia,
disponibilidade e arte de bem receber demonstradas. Para o ano, a presença está
garantida se me quiserem ter como companhia. Garanto é que vou acompanhado…
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